Em comemoração ao natalício de Padre Mororó neste 24 de Julho, protocolei o projeto de lei 2882/2024 para inscrever seu nome no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, um singelo reconhecimento ao seu heroísmo na luta contra a monarquia absolutista de D. Pedro I. Nosso querido Gonçalo Ignácio de Loiola Albuquerque e Mello, sacerdote, professor, líder e mártir da Confederação do Equador, ou simplesmente Padre Mororó, cearense de Groaíras, que adotou essa alcunha por ser o nome da árvore que “enverga, mas não quebra”, traduzindo sua firmeza na defesa do ideário republicano que carregava em si.
Ideais esses que o ajudaram a tangenciar, em julho de 1824, a Confederação do Equador, movimento revolucionário que se consolidou no Ceará. Padre Mororó, contrário aos gestos autoritários de Pedro I em dissolver a Constituinte de 1823, liderou protestos na Câmara de Quixeramobim, onde Pedro I foi declarado traidor e decaída a dinastia de Bragança com a propositura de uma República estável e liberal. Nessa época, escreveu às páginas do Diário do Governo do Ceará:
‘Entro numa estrada perigosíssima; e estou na certeza de desafiar inimigos sem conto; mas não esmoreço; e a custa da vida prometo perante Deus e os homens ser imparcial nas minhas narrações. Quer o imperador ostente as suas forças, quer o governo seja despótico, quer as riquezas predominem; nada, nada me abala; e a minha pobreza jamais ofuscará os sentimentos de um coração todo cheio de amor de sua Pátria adorada; e muito menos calará os ecos da verdade’…
Entretanto, a força do absolutismo de Pedro I contra os patriotas libertários e republicanos foi o motivo do fracasso da Confederação do Equador, condenando Padre Mororó à morte pela forca. Como não houve voluntário para ser o algoz, a sentença foi convertida em fuzilamento. A caminho da sua execução, em 30 de abril de 1825, acompanhado por uma multidão que ocupava o chamado Campo da Pólvora – atual Passeio Público, Padre Mororó foi executado, recomendando àqueles que lhes apontavam o arcabuz: ‘Camaradas, o alvo é este! E vejam lá! Tiro certeiro que não me deixe sofrer muito!’