sexta-feira, abril 19, 2024
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Nossa fome de energia é grande

Energia não é luxo. É um produto de primeira necessidade, sem o qual o atraso é o único destino. Ela nos liberta do revezamento entre o sol e a lua e nos torna mestres de nosso tempo. Em 1957, o então deputado federal José Martins Rodrigues já dizia que “a fome de energia do Ceará é muito grande”. 

Por isso, não há outra reação possível que não a indignação e a revolta com o reajuste de quase 25% anunciado pela Enel na conta dos cearenses, que acaba transformando energia justamente em luxo. E isso é uma região que foi fundamental para que, no ano passado, o Brasil não enfrentasse apagões. O Nordeste hoje, graças aos seus investimentos em energias eólica e fotovoltaica, produz mais energia do que consome. E foi graças a eletricidade do Nordeste que o Centro-Sul – o maior centro consumidor do País – não ficou às escuras enquanto os reservatórios das hidrelétricas secavam.

A rebelião entre consumidores, empresários, entidades representativas e políticos era mais do que previsível. E ela só se intensifica conforme mais informações chegam, como os espetaculares ganhos que a empresa teve no ano passado sem esse reajuste. Foram R$ 488 milhões de lucro, quase 85% a mais do que no ano anterior. 

Se esse reajuste se limitasse às contas das donas de casa, já seria ruim o bastante. Mas é ainda pior. Energia é insumo para basicamente todos os setores da economia, o que significa que o reajuste pago pelas empresas inevitavelmente chegará aos preços que pagamos no mercado e nos serviços. O pãozinho pode ficar até 10% mais caro, o mesmo percentual que deve atingir o setor de vestuários. O aumento pode ser de 20% para frutas e hortaliças. Como se a inflação já não estivesse alta o bastante.

Aceitar calado não é uma opção. Nesta sexta-feira (29), às 9h, estaremos ao lado de entidades como a Associação Cearense de Defesa do Consumidor (Acedecon) e as federações cearenses do Comércio (Fecomércio-CE) e da Agricultura e Pecuária (Faec) em uma audiência pública sobre o tema. É fundamental que todos os que não aceitam esse aumento juntem-se a nós, no auditório da Fecomércio, para pensarmos sobre como podemos reverter esse absurdo. A fome de energia do Ceará é muito grande. A de justiça, também.

Meu artigo de hoje para Jornal O OTIMISTA

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